Crime foi descoberto enquanto policiais investigavam a venda de ivermectina e testes para Covid-19 irregulares
Artur DiasDo Mais Goiás | Em: 21/09/2020 às 19:44:39
(Foto: Divulgação / Polícia Civil)
Uma operação da Polícia Civil (PC), em conjunto com a Vigilância Sanitária, foi deflagrada para investigar venda de ivermectina e testes para Covid-19 fora das normas sanitárias e com notas falsificadas e acabou encontrando um esquema de desvio de insumos para o refino de drogas, em Goiânia. Os agentes prenderam duas pessoas e apreenderam meia tonelada de fenacetina, produto com venda controlada pela Polícia Federal e utilizada no preparo de cocaína.
A operação, chamada Perlage, foi realizada em conjunto pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT) e pela Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc). Além das prisões, ela cumpriu 10 mandados de busca e apreensão em Goiânia.
Os mandados foram cumpridos nas residências dos suspeitos e de funcionários, nas empresas e nos contadores delas. Nos locais foram apreendidos documentos, computadores, celulares, duas armas de fogo e uma porção de cocaína.
As duas pessoas permanecerão detidas de forma preventiva por 30 dias. As identidades delas não foram reveladas. Além disso, pelo menos outras 10 são investigadas.
Os suspeitos devem responder por crime contra a saúde pública, tráfico de drogas, crime tributário e associação criminosa. Se condenados por todos os crimes, eles podem pegar até 38 anos de prisão.
O esquema
Os alvos eram duas drogarias investigadas por estocarem invermectina e testes para Covid-19 de forma irregular. Além disso, suspeitava-se que elas sonegavam impostos através da emissão de notas fiscais fraudadas. Durante as investigações, os policiais descobriram que uma das drogarias desviava os insumos para o tráfico de drogas.
Em entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira (21), o delegado titular da DOT, Marcelo Aires, disse que a partir dali a investigação foi feita em duas frentes. Ele afirmou ainda que os suspeitos detidos são empresários do ramo de distribuição de medicamentos.
“Eles tinham uma empresa legalizada, que pode adquirir o produto de laboratórios hospitalares. Mas ela só pode revender para outros estabelecimentos também autorizados. O que eles fizeram foi criar uma empresa de fachada em nome de um laranja para simular a venda desses produtos. Na verdade, ela revendia os produtos para outros fins. Nós identificamos que era para o refino de entorpecentes”, disse o delegado.
A empresa de fachada era uma drogaria, que não tem autorização para comprar o produto desviado. Os policiais identificaram que ela estava no nome de uma jovem de 19 anos que mora em uma cidade pequena no interior de Minas Gerais. Além disso, no local indicado funciona um outro estabelecimento do mesmo ramo, com outra razão social e sem qualquer ligação com o crime.
A investigação também apurou que a fenacetina foi comprada de um laboratório do Rio Grande do Norte de forma legal. Depois disso, a empresa de fachada foi criada e já começou a operar o desvio. De acordo com documentos encontrados, foram desviadas três toneladas do produto, que valem cerca de R$ 800 mil.
Luxo e antecedentes criminais
O delegado Marcelo afirmou ainda que as duas pessoas presas eram sócias no esquema e que levavam uma vida de luxo. “Essa ostentação ocorria em virtude da atuação ilegal, clandestina e criminosa que eles tinham”.
As duas pessoas presas já tinham passagens pela polícia por posse ilegal de arma, lesão corporal e atropelamento. Além disso, um dos detidos já havia sido preso antes em um condomínio fechado da capital, junto com um traficante de drogas. A prisão aconteceu no âmbito da operação Ícaro, que investigava uma quadrilha envolvida em tráfico internacional de drogas.
FONTE É MAIS GOIAS
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